Inventário das Emissões de Portugal

A nossa casa está a arder.

As emissões continuam a aumentar.

Garantir o corte das emissões é a nossa responsabilidade civilizacional.

Assim, Climaximo e Greve Climática Estudantil Portugal, construíram o primeiro inventário de emissões de Portugal do Acordo de Glasgow.

 

Se em 2019 travar a crise climática implicava cortes de 7% ao ano, em 2020 o cenário agravou-se e precisamos agora de 11% ao ano.

Em Fevereiro de 2021, mais de 5 anos após a assinatura do Acordo de Paris, a UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas) reporta que os governos neste momento se comprometem a cortar emissões em… 0,5% até 2030.

O Acordo de Paris está enterrado, como dissemos em Dezembro. Depositar aí a nossa esperança seria deixar a casa a arder.

Face a esta crise, coletivos de justiça climática de todo o mundo criaram o Acordo de Glasgow, tomando nas suas próprias mãos a necessidade de cortar coletivamente as emissões de gases com efeito estufa, dentro de um quadro claro de justiça climática.

Para tal foram criadas ferramentas alternativas de ação – o inventário e a agenda climática – e um espaço de estratégia e coordenação a nível local, regional e global.

O inventário

Até agora, só tínhamos uma “fotografia de satélite” das emissões. Faltava-nos detalhe e um mapa claro do que se passa no terreno.

O Climáximo e a Greve Climática Estudantil construíram o primeiro inventário de emissões de Portugal, mapeando mais de 200 infra-estruturas – com dados concretos sobre quanto emitem, onde estão e quem detém cada infra-estrutura – e listando os novos projectos em Portugal que ameaçam aumentar emissões. Tudo está agora disponível online

Com o encerramento das centrais a carvão de Sines e do Pego, assim como da refinaria da Matosinhos (que ainda estavam em funcionamento nos períodos de referência dos dados utilizados), o sector dos transportes ganha bastante relevo e as indústrias do papel e do cimento consolidam-se no topo das emissões em Portugal. A Refinaria de Sines toma o primeiro lugar, seguida por: Central de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro da Turbogás, Complexo Industrial de Setúbal da Navigator, Central Termoelétrica de Lares da EDP, Unidade da Carnes Landeiro, S.A, CIMPOR – Centro de Produção de Alhandra, Complexo Industrial de Cacia da Navigator, Central Térmica do Ribatejo da EDP, CIMPOR – Centro de Produção de Souselas e Fábrica da Secil no Outão.

Dos projectos futuros listados destacamos:

  • Expansão do Aeroporto da Portela e novo Aeroporto (Lisboa)
  • Gasoduto de Celorico de Basto
  • Expansão de portos e/ou drenagens (Sines, Lisboa, Figueira da Foz, Porto, Aveiro)
  • Prospeção e Exploração de lítio e outros minerais
  • Exploração de Pedreiras (criação de novas e ampliação de actuais)
  • Novas Ligações Rodoviárias
  • Diversos projectos no âmbito de hidrogénio verde
  • Novas instalações avícolas

Continuaremos a melhorar e desenvolver este inventário, revendo-o periodicamente a fim de garantir que é o mais atual e representativo da realidade tanto quanto nos é possível.

O que temos de conseguir?

Dentro de uma perspetiva de Justiça Climática, a responsabilidade histórica dos países na sua contribuição para a crise climática, assim como a capacidade de fazer a sua própria transformação, associada ao nível de desenvolvimento económico, são fatores que diferenciam decisivamente qual o corte que cada país ou território tem a responsabilidade de fazer. Nesta ótica, decidiu-se utilizar o critério mais exigente a nível de responsabilidade histórica e capacidade: o critério ‘Greenhouse Development Rights’.

A conclusão é clara:
Temos 9 anos para cortar 3/4 (74%) das emissões nacionais.

Como vamos apagar o fogo?

Este inventário é a primeira fase do Acordo de Glasgow – cujo objetivo é recuperar a iniciativa dos governos e instituições internacionais através da criação de uma ferramenta alternativa de ação (inventário e agenda climática) e um espaço de estratégia e coordenação para o movimento pela justiça climática. Fazem hoje parte do acordo +140 organizações em +40 países por todo o globo.

O próximo passo é desenvolver a Agenda pela Justiça Climática: um plano de ação, baseado no inventário e elaborado por comunidades, movimentos e organizações, que nos coloca no caminho certo para travar a crise climática abaixo dos 1,5ºC de aquecimento global até 2100, dentro de um quadro claro de justiça climática.

Na 6ª edição do ENJC foi lançado este espaço que continuará a ser desenvolvido durante os próximos meses.

 

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