Após detenções de 4 pessoas, porta-voz Francisco Siqueira afirma que “a maior consequência é não agirmos já, pois resultará na queda para o abismo climático liderada por empresas e governos”
Foram libertadas pelas 23:30 as 4 pessoas detidas na assentada popular “Parar os Aviões”, que este domingo causou disrupção durante mais de 30 minutos nos acessos ao Aeroporto Humberto Delgado. À porta da esquadra dos Olivais, dezenas de pessoas juntaram-se “em vigília” em apoio às pessoas detidas.
Francisco Siqueira, pai e operador de call-center, afirma que “estas pessoas estão a ser reprimidas por tomarem ação contra um sistema que nos está a levar ao abismo climático. A sua detenção, bem como todas as possíveis consequências legais, são atos de tentativa de desmobilizar e castigar aqueles que sabem que este sistema económico nos está a matar. Mas a verdadeira consequência é a de não agirmos já. Nós estamos a agir com as nossas próprias mãos e corpos porque sabemos que as instituições, os governos, e as empresas são culpadas desta crise climática e não hesitarão em destruir tudo em nome do lucro”.
Maria Lourenço, estudante, explica que “estivemos hoje nesta assentada popular no aeroporto de Lisboa porque esta é a infraestrutura mais emissora e poluente do país. A indústria da aviação está a lucrar à custa da vida de todos. E, ainda assim, em plena crise climática e depois de termos assistido a desastres como os de Valência, existem planos para a expansão e para a construção de um novo aeroporto. No seu programa eleitoral, todos os partidos consentem com a construção de uma novo aeroporto, uma verdadeira fábrica de armas a serem usadas contra nós, pessoas comuns.
Em comunicado, o Climáximo acrescenta que “precisamos de decrescer em muito o setor da aviação até quase zero emissões em 2030, garantindo desde já o cancelamento de novos projetos, o fim aos voos de curta distância e o fim aos jatos privados. Em paralelo, precisamos de garantir uma rede de transportes públicos gratuitos e eletrificados para todas as pessoas“.
Maria, porta-voz, afirma que “esta disrupção e mostra de poder popular foi alcançada quando apenas meia centena de pessoas se uniram com coragem, determinação e a certeza de que só as pessoas comuns em resistência podem travar a crise climática. Mas nós sabemos que isto fica ainda aquém daquilo que é necessário para travar a máquina que é este sistema económico mortífero. E se fôssemos centenas, ou até milhares? Precisamos que toda a sociedade entre em resistência climática, pois sem um movimento massivo composto por vários setores da sociedade sabemos que não vamos conseguir puxar o travão de emergência a esta crise. E essa seria a verdadeira catástrofe”.
Desta forma, remata, “saímos com um apelo: a todas as pessoas que viram este protesto hoje: não fiquem indiferentes. Não deixem que os perpetuadores desta crise e aqueles que com ela lucram vos digam que está tudo bem. Eles, os governos, não nos vão salvar. Para conseguirmos travar esta crise, precisamos que todas as pessoas parem de consentir com este sistema. Só a democracia e o poder popular vão evitar a barbárie e construir uma vida justa e digna num planeta habitável. Temos de entrar em resistência, em conjunto e em solidariedade, agora”.
As 4 pessoas agora libertadas terão que se apresentar a tribunal amanhã, 2 de Junho, às 13:30.
