Dezenas de pessoas em “assentada popular” convocada pelo Climáximo disromperam as vias de acesso rodoviário ao Aeroporto de Lisboa.
Hoje várias dezenas de pessoas marcharam até ao Aeroporto de Lisboa num protesto, sobre o mote “Parar os aviões” com o objetivo de fazer uma “assentada popular para cancelar novos projetos de expansão da indústria da aviação, cortar emissões, travar a crise climática e garantir transportes públicos grátis para todos”.
O protesto começou às 15h na Rotunda do Relógio. Daí marcharam até ao aeroporto, onde dezenas de pessoas perturbaram os acessos rodoviários ao mesmo, durante mais de 30 minutos. Os manifestantes tinham faixas como “Nem aqui nem em Alcochete / Aeroporto p’ró cacete”, “Menos aviões, mais habitação pública” ou “transportes públicos grátis para todos já”. Durante a assentada houve discursos, cânticos, leitura de textos de solidariedade de outros ativistas que lutam contra a expansão aeroportuária ao redor do mundo, discussões coletivas, bem como distribuição de panfletos às pessoas que passavam.
Em comunicado, a porta-voz Maria Lourenço afirma que “hoje criámos disrupção na infraestrutura mais poluente e emissora do país com os nossos próprios corpos, demonstrando a força do poder e da democracia popular. O aeroporto é a infraestrutura em Portugal mais responsável pelo agravamento da crise climática, e as empresas da indústria da aviação enchem os bolsos à custa da gentrificação das cidades e da queima do planeta. Além disso, “eles estão a lucrar à custa da destruição planetária: a ANA Aeroportos fechou o ano de 2024 com o lucro histórico de 511 milhões de euros. A construção de um novo aeroporto é um passo em direção ao abismo climático para o qual os governos e as empresas nos querem levar. Em vez disso, o que nós precisamos é de puxar o travão de emergência à crise climática, cortar emissões no setor da aviação até quase zero em 2030, e garantir uma rede de transportes públicos grátis e eletrificados em todo o território”, remata.
Francisco Siqueira, porta-voz, afirma também que “precisamos de todas as pessoas para podermos travar a crise climática. Independentemente das nossas origens, profissões, idades, etc, todos queremos viver uma vida justa e digna num planeta habitável. Este sistema já tornou claro que nos vai mandar para o abismo climático, como é o caso do consenso parlamentar em torno da construção de um novo aeroporto. Ninguém nos vem salvar: temos de ser nós, as pessoas comuns, a unirmo-nos e construirmos o poder popular para travar a barbárie da catástrofe climática e social”.
Durante a assentada, pelo menos 4 pessoas foram detidas, e mais 3 foram identificadas, no interior do aeroporto. De acordo com Maria, “sabemos que o sistema se tenta defender a si mesmo cada vez que as pessoas comuns tomam ação. Mas não recuaremos: a luta pelo clima e pela vida é urgente”. O protesto segue agora em formato vigília em frente à esquadra dos Olivais, onde dezenas aguardarão em solidariedade a libertação das pessoas detidas. “Convocamos todas as pessoas a aparecerem em solidariedade, na vigília, e a entrarem em resistência climática”, diz a porta-voz.

















