Estreamos uma nova newsletter mensal, escrita pela Equipa Legal do Climáximo. Queremos manter-vos a par das novidades e do ponto de situação da repressão do(s) movimento(s).
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O movimento pela justiça climática está a experienciar um nível de repressão sem precendentes no Norte Global nas últimas décadas, em que pessoas estão a ser condenadas a anos de prisão por terem intervido num debate online. Há dezenas de ativistas na prisão em vários países europeus, milhões de euros em multas e despesas legais, milhares de casos em tribunal. E já surgiram acusações de organização criminosa para coletivos informais que têm feito ação direta não-violenta e com comunicação explícita e pública.
Tudo isto está a acontecer porque um sistema que depende da exploração não pode permitir que se insista em dizer a verdade sobre o estado de emergência climática, no qual nos encontramos, bem como a transformação social que implicaria travá-lo. Ou seja, o movimento pela justiça climática entra numa fase de criminalização, pelas mesmas razões que outros movimentos e outras comunidades marginalizadas foram criminalizadas: terem enfrentado as injustiças do sistema e terem insistido em dizer uma verdade transformadora.
Com esta newsletter mensal, queremos manter-vos a par do ponto de situação de repressão, do ponto de vista da Equipa Legal do Climáximo.
A Equipa Legal do Climáximo está a acompanhar uma centena de pessoas em mais de quarenta casos. Somos todas voluntárias e as informações que temos podem ser incompletas ou desatualizadas. Mesmo assim, vamos fazer o nosso melhor para atualizar-vos regularmente.
No início do ano, cinco apoiantes do Climáximo foram condenadas a uma multa de 120 dias (aproximadamente 600 EUR) e pena de prisão suspensa de 1 ano e 4 meses (tudo isto, para cada uma das cinco pessoas). Isto foi a sentença por causa duma ação em que participaram em outubro de 2023 na Avenida 24 de Julho, em que se sentaram na estrada pacificamente, para alertar sobre a emergência climática e as políticas públicas que estão a destruir as condições de vida humana.
Ao mesmo tempo em que aconteciam as audiências deste caso, aconteceu a operação policial xenófoba na Rua do Benformoso. Milhares de pessoas responderem a esse ataque de criminalização com a manifestação “Não nos encostem à parede” que mostrou que a solidaridade das pessoas comuns vai vencer o ódio alimentado pelas elites políticas e económicas.
Também estão em julgamento as pessoas envolvidas na campanha Fim ao Fóssil: nas últimas semanas houveram várias audiências com o estudante da Greve Climática Estudantil que pintou de verde o Luís Montenegro durante a campanha eleitoral.
Fora de Portugal, destacamos três desenvolvimentos. No Reino Unido, no final de janeiro, dezasseis ativistas presas por diversas ações (um total de quarenta e um anos de prisão) vão ser ouvidas num recurso conjunto. Isto vai ser acompanhado com vígilias e concentrações à frente to tribunal. Na Alemanha, as pessoas que participaram na resistência massiva contra a expansão da mina de carvão em Lützerath em 2023 estão a ser levadas a tribunal. Em Itália está em curso um projeto de lei que visa “automatizar” a criminalização, aplicando multas administrativas aos bloqueios de estrada, o que implicará milhares de euros em multas sem qualquer audiência no tribunal.
Contador de Repressão
Até agora, apoiantes do Climáximo participaram em ações diretas pela justiça climática e tiveram 6 casos concluídos e 2 ainda em recurso, que resultaram em:
36 anos de prisão suspensa
ou um total de 443 meses – cerca de 1 ano e meio de prisão por ativista condenada;
5.800 horas de trabalho comunitário
Cerca de 340 horas por ativista condenada;
12 460€ de multas e indemnizações
com a adição de cerca de 16.000€ em despesas legais.
Isto por dizerem a verdade sobre a emergência climática.
Ainda estão a decorrer 13 casos no tribunal, que sumariam a um total de 200.000 EUR de multas e despesas legais.
O que podes fazer
Podes apoiá-las tomando ação direta connosco, tomando ação direta no teu contexto, e espalhando a palavra sobre a crise climática. Para ajudar com os custos legais, podes
– fazer um donativo pelo Open Collective
– organizar um evento de angariação de fundos na tua comunidade
– organizar um evento de solidaridade com os teus amigos e com as organizações que fazes parte.
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Esta newsletter é escrita pela Equipa Legal do Climáximo, que acompanha a repressão legal que as pessoas comuns enfrentam por defenderem um planeta justo e habitável.
Para receber as próximas, subscreve a newsletter do Climáximo no fundo da página.
Os números que partilhamos podem ser errados ou desatualizados. Somos todas voluntárias e estamos empenhadas em contribuir à construção da resistência climática popular.
Se quiseres juntar-te à Equipa Legal do Climáximo, contacta-nos por email: legal@climaximo.pt