Dias depois do início do julgamento dos “Onze de Abril” e na véspera da celebração dos 50 anos da Revolução dos Cravos, o coletivo relembra que “em muitos momentos de transformação e progresso histórico, as pessoas que resistiram eram consideradas criminosas”
Dois dias depois do início do julgamento dos “Onze de Abril”, onze pessoas detidas em Dezembro de 2023 pelo bloqueio da Avenida Eng. Duarte Pacheco, o Climáximo denuncia a repressão do Estado, expondo agumas das situações mais “flagrantes” como noites passadas na prisão sem motivo, revistas abusivas, em particular a mulheres, que são obrigadas a despir-se completamente. Nos últimos meses, a situação aconteceu por duas vezes e as ativistas estão a apresentar queixas. Também após a interrupção da normalidade no aeroporto de Lisboa a 4 de Março, o Ministério Público pediu como medida de coação que as 4 pessoas detidas não pudessem estar juntas em espaço público, colocando em causa o direito à reunião. Já no passado dia 17 de Março, a polícia deteve duas pessoas que se encontravam no passeio público a tirar fotos à maratona da EDP, perto do MAAT. Levaram-nos para a esquadra e, sem razão aparente, apreenderam-lhes os sapatos, libertando-os umas horas mais tarde, descalços. Em Outubro, numa outra edição da maratona da EDP, doze pessoas reunidas a falar perto do local da maratona foram levadas por polícia à paisana para a esquadra de Cascais, onde tiveram de permanecer por várias horas sem ter sido dada qualquer justificação.
António Assunção, um dos arguidos, refere que “hoje é legal a Galp abrir novos poços de petróleo, e continuar-se a matar e deslocar milhares de pessoas, ao mesmo tempo que quem luta contra a destruição da vida é criminalizado e reprimido.”
O coletivo revela que nos últimos 6 meses organizaram mais de 40 ações, contando com 100 identificações, das quais 75 resultaram em detenções. Existem 13 casos ativos, 3 deles já com decisões finais: 1 caso arquivado, 3 casos com condenação com um total de 9 pessoas condenadas a 1 ano de prisão convertido em multa com valores entre os 600€ e os 1600€ por pessoa. Estão já agendados julgamentos para Maio devido à ação no Aeródromo de Cascais, em Junho devido ao bloqueio da Rua da Escola Politécnica, e em Setembro devido ao bloqueio de estrada na Praça José Fontana e da Avenida 24 de Julho.
Maria Mesquita, uma das arguidas dos “Onze de Abril”, afirma que “a repressão não nos surpreende: é o sistema a defender-se a ele mesmo. O sistema condena-nos dentro do tribunal com penas de prisão, e fora do tribunal com a guerra declarada às pessoas e ao planeta. A escolha real está do lado das pessoas: vamos consentir com este sistema, ou vamos resistir?”
Quanto ao julgamento dos “Onze de Abril”, houve já a primeira sessão na manhã de dia 22, tendo sido adiado devido à greve de funcionários no dia 23. O programa em paralelo das “Assembleias de Abril” contou com debates, conversas, almoço em conjunto, entre outros. Na assembleia de ação as pessoa afirmaram que as consequências de não agirmos agora são muito mais aterradoras do que qualquer repressão às ações atuais, tendo sido definidas as medidas prioritárias do “Plano de Desarmamento” para uma “grande ação de resistência contra a guerra que nos foi declarada”.