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Convocatória: Parar os Aviões

Os últimos anos foram os mais quentes desde que há registo. Em 2024, assistimos com horror e aflição a catástrofes climáticas que não apenas parecem cenários de guerra: são verdadeiros cenários de guerra. Sabemos que a queima de combustíveis fósseis, que alimenta os lucros milionários das empresas, produz bombas de carbono que devastam a vida de pessoas por todo o mundo. Os Governos e as empresas recusam-se a mudar de rumo, acelerando desenfreadamente para o colapso e levando-nos atrás. Não podemos ficar sentados no sofá e aceitar o fim do mundo – precisamos de nos erguer e desafiar as regras deles.

O Aeroporto de Lisboa é o exemplo mais claro em Portugal desta guerra demolidora: o 8º aeroporto mais movimentado da Europa é a infraestrutura mais poluente do país; destina-se a uma indústria que é uma das bases do sistema fóssil globalizado e o pináculo da injustiça climática, servindo acima de tudo os mais ricos a nível global, e sendo um espelho da turistificação que tem tornado a cidade inabitável. A sua expansão com vista a duplicar a número de passageiros que desembarcam em Lisboa tem sido uma das jóias da coroa de sucessivos Governos. Políticos que se pintam de verde, mas que lideram a corrida à expansão aeroportuária, são eles mesmo executores dos ataques em curso contra a vida de todas as pessoas.

Um outro mundo é possível. De modo a evitar os piores efeitos do colapso climático, precisamos de reduzir drasticamente o volume de voos nos próximos 5 anos, garantindo o decrescimento da aviação comercial, militar e de mercadorias. Voos de muito curta distância, como Lisboa-Porto, e jatos privados, não têm lugar no mundo em que vivemos: são voos supérfluos que podem ser eliminados de hoje para amanhã. A par disso, devemos imaginar e construir um mundo livre de fósseis e de aviões, desenvolvendo soluções de mobilidade limpas e justas como a ferrovia e transportes públicos eletrificados e gratuitos para todas as pessoas, e construindo uma sociedade mais enraizada na terra e com mais tempo livre, para podermos deslocar-nos de forma mais lenta.

Os aeroportos são armas de guerra apontadas ao presente e ao futuro de toda a gente. Mas a sua expansão e a manutenção dos voos que nos matam não são inevitabilidades: o passado diz-nos que é possível, pelo poder e união das pessoas, fazer frente a forças aparentemente intocáveis e alterar o curso da história. No dia 1 de Junho, precisamos de ti e de todos os teus amigos e família para juntos dizermos “Não” a novos projetos emissores e delinearmos o rumo necessário para parar aviões e estabelecer transportes públicos eletrificados, gratuitos e acessíveis para todos. Vem connosco de transportes públicos da Alameda, em direção ao Aeroporto, onde de forma pacífica e criativa iremos sentar-nos para perturbar o horário de pico dos voos, quebrando a ideia de que o sistema fóssil é intocável.

Sem ti, não podemos salvaguardar o nosso presente e futuro e construir um mundo diferente. Só conseguiremos interromper o funcionamento normal do aeroporto se muitas pessoas se juntarem, inclusive tu. Essa é a única coisa que conseguimos garantir: sozinhas não vamos conseguir, só juntas. Quando as pessoas comuns se unem em solidariedade e coragem, conseguem fazer grandes mudanças. Hoje, é a nossa vez de fazer história. Vem demonstrar a tua força!