PERGUNTAS FREQUENTES
Sabemos que neste momento podes ter críticas, perguntas, inquietações ou dúvidas. Aqui podes explorar algumas das perguntas e encontrar respostas.
Temos estado a trabalhar incansavelmente, com vários processos legais contra as nossas ativistas, em aliança com vários movimentos sociais e diversas organizações. Anos passaram, o consenso científico sobre a crise climática estabeleceu-se como um consenso social (92% dos portugueses), mas o sistema desistiu da democracia e não respondeu.
A crise climática não é um problema técnico, ou abstrato. Alguém matou dezenas de pessoas em Pedrógão Grande. Alguém destruiu as casas de 155 mil pessoas no Canadá, com os 5900 incêndios que afetaram 15 milhões de hectares. Alguém pôs 33 milhões de pessoas no Paquistão (desde março de 2022) a lutar contra ondas de calor, falhas de eletricidade, cheias, evacuações, migrações, fome, violações, conflitos sociais, e novas ondas de calor.
Eles sabem o que estão fazer. Eles dormem bem.
Nós também sabemos. Nós não estamos a conseguir dormir.
Não estamos apenas numa emergência global, estamos em guerra. Anualmente, governos, empresas e instituições criadas para manter a aparência de paz, matam em todo o mundo, em busca de lucro, pelo menos milhares de pessoas.
Há muito que os governos e as empresas declararam guerra contra as pessoas e o planeta. Estão a matar-nos conscientemente.
Em 2021 foram emitidas globalmente 37,120,000,000 tons CO2. Em 2021, 9 milhões de pessoas foram condenadas à morte. A este ritmo de emissões, a cada hora condenamos mais mil pessoas. As emissões de Portugal estão a condenar à morte 38 pessoas por dia. Cada dia em que não os travamos, é um dia sem paz.
O planeta inteiro tornou-se uma câmara de gás e eles continuam a emitir CO2 para a atmosfera para nos matar.
Sabendo o que sabemos, o que vamos fazer?
Sabendo o que sabes, o que vais fazer?
A nossa casa está a arder. Não há “outras pessoas” ou instituições que vão parar o fogo. Estamos a entrar em todos os quartos, a bater a todas as portas, porque temos de apagar o fogo.
Hoje, cada furacão é um míssil que as empresas petrolíferas atiraram às cidades. Cada seca é um roubo da terra dos agricultores pelas empresas petrolíferas. Cada inundação é uma bomba lançada conscientemente pelos governos. A cada dia, consentimos que nos continuem a matar.
Sabemos que não escolheste isto. Que não querias isto. Hoje, tudo o que amamos está a ser destruído e nós somos as últimas gerações que os pode travar. Temos de enfrentar a realidade e sermos honestas connosco próprias.
Nós, as pessoas normais, precisamos de estabelecer um acordo entre nós sobre o que vamos fazer. A estratégia prioritária é abrir esta discussão pública. Parar a guerra será um resultado desta discussão pública.
O que significa viver numa guerra? Como era viver na Alemanha no ano de 1937? O que é uma reação adequada ao genocídio e ecocídio?
Hoje há mais refugiados climáticos que os refugiados de todos os conflitos atuais, somados.
2 ºC de aquecimento global criariam mil milhões de refugiados climáticos. Isto são 20x os refugiados da II Guerra Mundial, ou 200 vezes os da Ucrânia. Crise climática é colapso social total, uma guerra sem precedentes na história da humanidade.
O Dr. Johan Rockström, provavelmente o cientista climático mais conceituado em toda a Europa, sublinha o facto óbvio da natureza estar interligada. Quando uma parte cai, o resto vem de arrasto, e 2 ºC de aquecimento levam a 3 ºC que levam a 4 ºC, que implicam um terço da superfície do planeta hoje habitada passar a ser inabitável. 4 ºC de aquecimento são uma sentença para todas nós, e abre as portas para aquecimento sem limites – um futuro inimaginável.
“Comboios de carvão são comboios de morte – não menos horrendos que vagões dirigidos para os crematórios.”
Dr. James Hansen, enquanto principal cientista climático da NASA
Para travar o aquecimento sem limites temos de travar urgentemente todas as novas armas de destruição massiva, implementar um plano de descarbonização e paz que sirva as pessoas, e não colocar fé em quem nos trouxe até aqui.
Que táticas é que o Climáximo ainda não experimentou? Convocar manifestações? Falar com o governo? Fazer grandes alianças? Ir ao território mais afetado? Ir às empresas? Ir aos locais de produção?
Já fizemos de tudo. O problema é que os governos e os chefes das empresas estão a fazer escolhas conscientes e coordenadas de matar e despejar milhares de pessoas, inclusive a ti e a quem tu amas. Para parar esta guerra tu tens de parar de consentir isto e nós temos de falar sobre como vamos lutar pelas nossas vidas.
“Os especialistas que estudam movimentos sociais não só acreditam que a disrupção pode ser uma tática eficaz, como acreditam que é o fator mais importante para o sucesso de um movimento social.”
James Özden, Diretor do Social Change Lab
Estudos recentes verificam que ações mais assertivas não afastam pessoas. O Secretário Geral da ONU, António Guterres, afirmou que “precisamos de disrupção para parar a destruição”.
Sabemos que nenhuma de nós escolheu isto. Contudo, neste momento a nossa casa está a arder. Todas as pessoas têm de parar o que estão a fazer e, juntas, temos de apagar o fogo.
Liderar o maior falhanço na história da humanidade não é motivo de orgulho. O governo português está, de facto, perfeitamente alinhado com metas absolutamente contraditórias com toda a ciência, insistindo em projetos insanos para construir novas armas: aeroportos e gasodutos, que matarão milhões de pessoas.
Mesmo que as metas mais ambiciosas do governo sejam cumpridas (que não estão a ser), Portugal vai emitir todo o CO2 a que tem direito até 2100 entre 2026 e 2035.
Os compromissos do governo (nomeadamente do acordo de Paris) levam-nos, na melhor das hipóteses, para uma realidade onde milhares de milhões de pessoas são forçadas a perder tudo. Tu estás nesses números. Nós somos esses números. Os projetos que eles lideram são projetos de morte.
Os governos e as empresas declararam guerra contra as pessoas e ao planeta inteiro. Esta guerra é global. Alguns países têm mais câmaras de gás. Alguns países têm mais armas de destruição em massa. Neste momento, nenhum país tem um plano compatível com a ciência climática, isto é, todos nos estão a matar.
Se achas que é mais eficaz ir à China ou aos Estados Unidos da América ou qualquer outro país ou qualquer outra cidade para parar esta guerra, por favor vai e mantém-nos informados para coordenarmos estratégias.
O Climáximo está em várias redes internacionais.
Enquanto existirem pessoas em Portugal e existirem armas de destruição em massa em Portugal, terá de haver uma resistência militante em Portugal também. O Climáximo é um dos atores principais dessa resistência.
Projetos de energias renováveis não cortam emissões. Cortar emissões corta emissões. Até os projetos de energias renováveis estarem associados a um compromisso de corte de emissões noutro local, só podem ser vistos como uma expansão energética que apenas serve de propaganda verde.
Carros elétricos não cortam emissões. “Soluções” com o objetivo de maximizar lucro para as empresas que criaram esta guerra são uma forma de enganar as pessoas, seguindo a mesma lógica de destruição massiva que nos trouxe até aqui. Precisamos de transportes coletivos gratuitos, energia produzida e gerida democraticamente: um plano de paz para reconstruir uma sociedade danificada – não um plano de continuação de uma normalidade sem futuro.
Sim, sabemos que vamos enfrentar repressão. Sabemos também que temos menos de 5 anos para mudar tudo. Os planos atuais dos governos e empresas vão destruir tudo o que amamos. Agir agora é a única opção.
Temos mais medo do que vai acontecer se não agirmos, do que se agirmos.
Ao longo da História pessoas normais enfrentaram consequências legais para lutar pelo direito à vida e justiça. Desde as sufragistas, às lutas por independência dos povos e o fim à escravatura.
Sabemos que quando os julgamentos de Nuremberga acontecerem, e os CEOs, ultra-ricos e políticos estiverem em julgamento, nós estaremos do lado certo da História.
Nós lutamos por um plano de paz. Agimos por um mundo onde todos os trabalhadores e comunidades que dependem destas armas tenham uma transição justa, com emprego pleno, numa economia gerida com as pessoas no centro. Este plano existe em concreto. O governo recusou-o.
Há trabalhadores e comunidades que dependem das fábricas de armas. Foi, efetivamente, um trabalhador que deitou as bombas em Hiroshima e Nagasaki.
Houve trabalhadores que administravam os campos de concentração.
Existem funcionários públicos em alguns países cuja função é policiar a roupa das mulheres na rua e matá-las se a roupa não for decente de acordo com alguns critérios arbitrários. Esses funcionários têm famílias que dependem do salário deles.
Nós precisamos de parar a guerra. Toda a gente quer viver.
Os trabalhadores precisam de empregos dignos e socialmente úteis. Esse é o plano de paz que iremos construir em conjunto, depois de travarmos a guerra.
O melhor contributo que qualquer trabalhador em qualquer setor pode fazer agora é dizer abertamente que não quer ser cúmplice deste sistema genocida e juntar-se às ações de resistência civil, sejam elas ocupações, greves, bloqueios ou ações diretas.
É exatamente esse o problema. Décadas de corrupção e subsídios públicos às indústrias desta guerra esmagaram alternativas.
Agora vivemos uma crise coletiva, que exige soluções coletivas. Desde transportes públicos coletivos, a uma rede de ferrovia mais barata que voar, a produtos feitos para não se estragarem e serem logo trocados – lutamos por uma economia com a vida no centro, e não o lucro.
Uma viagem de jato privado emite mais CO2eq que uma família média portuguesa num ano inteiro. Jatos privados, voos de curta distância e cruzeiros matam milhares de pessoas por ano, por luxo. Os ultra-ricos devem ser livres de quebrar o direito à vida das pessoas, por capricho? Não.
Olhar de forma séria para a realidade que vivemos implica ter respostas sérias. Estabelecer prioridades em crise climática implica parar imediatamente novas armas, como cada voo de luxo que descola, ou campos de golfe que roubam água doce, cada vez mais escassa.
Neste momento, não conhecemos qualquer partido político em Portugal, com ou sem assento parlamentar, que reconheça que estamos a viver a maior crise da Humanidade.
Não conhecemos qualquer partido político ou qualquer organização não-governamental que esteja a agir de acordo com o estado de crise climática e que apresente um programa compatível com a ciência e com a realidade.
Quanto tempo temos para travar o caos climático? Se ganhássemos as eleições, as regras não votadas e completamente arbitrárias das instituições financeiras como o Banco Central Europeu não permitiriam a mudança necessária.
Os únicos debates aceites dentro do “especto do normal e possível” para os políticos e empresas é como vamos lucrar com a situação, como lutamos por melhorias pequenas em colapso social ou nega o problema.
Tal acontece pois todos têm consciência que travar a crise climática não é impossível mas requer um processo de transformação industrial e laboral em larga escala, passando a estar no centro da sociedade a vida, ao invés do lucro. Pois bem, esta é uma mudança que requer uma enorme transformação social. Seja qual for o seu formato, será sempre contada como uma revolução. Esta mudança assusta o 1% da população que atualmente está a lucra com a destruição da vida e não será permitida pelas instituições que funcionam para eles.
Os 50 anos da revolução dos cravos relembra-nos como mudanças grandes podem ocorrer em curto espaço de tempo quando as pessoas se unem e lutam lado a lado. A mudança necessária para travar a crise climática será feita pelas pessoas.
Na vida.
Isso implica, que não importa a tua decisão no dia 10 de Março mas sim o que vais estar a fazer nos restantes 364 dias do ano.
A maior crise da história da Humanidade não vai ser resolvida na mesa de voto mas sim nas ruas, indústrias, portos, escolas, centros de saúde. Enfrentar a realidade é assustador, pois aqueles que nos deviam estar a proteger estão a decidir a nossa morte. Não tem de ser assim. Há formas de parar as crises atuais, e parte de todas nós deixarmos de consentir e normalizar a violência feita sobre nós e conquistarmos lado a lado a paz social, implementando com as nossas mãos uma sociedade com a vida no centro.
Estamos a dizer às pessoas que o filtro de democracia em que vivemos não vai resolver a situação em que estamos. Estamos a dizer que os termos em que estas eleições estão a acontecer, os debates destas eleições são completamente separados da realidade.
A comunicação social não está à altura do momento histórico em que estamos a viver e recusa-se a tratar a crise climática como a guerra que ela é, enquadrando as eleições como se fossem normais e o tempo em que vivemos como se fosse normal.
Por outro lado, a maior parte dos partidos políticos, braços políticos das empresas que mandam no país, farão da campanha um miserável jogo comunicativo sobre fumos e fantasmas, rejeitando abertamente resolver a crise climática e pretendendo apenas escolher quem serão os próximos generais da guerra contra a sociedade. Os restantes tenderão a não se afastar muito das linhas de normalidade com medo de perder o concurso de popularidade em que se transformaram as eleições.
As pessoas podem ir votar, mas não têm a ilusão de que isso vai resolver a guerra contra a sociedade.
Perguntas e Repostas
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