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Convocatória: Parar Enquanto Podemos

Parar enquanto podemos – Quebrar a normalidade, entrar em resistência climática

23 de Novembro, 15h, Praça Paiva Couceiro → Praça do Chile

Precisamos de parar de normalizar a violência que é a crise climática. Não é normal as temperaturas aumentarem ano após ano, e terem morrido 50 mil pessoas na Europa devido ao calor em 2023. Os incêndios que deixaram o país em luto, matando 9 pessoas e queimando dezenas de casas, e que todos os anos consomem as florestas em Portugal, não são normais. Não é normal mais de 30 milhões de pessoas, quase o triplo da população portuguesa, estarem deslocadas das suas casas devido à crise climática. Tu sabes que não é normal que a tua vida, a vida de quem tu amas, e a de dezenas de milhões de outras pessoas esteja em risco por causa de uma crise que não criaste. Não é normal sabermos disto e continuarmos a agir como se nada fosse.

Precisamos de parar de aceitar estes ataques contra as nossas vidas. As consequências devastadoras e cada vez piores da crise climática resultam da escolha premeditada e coordenada por parte de governos e empresas de combustíveis fósseis de enriquecer à custa das nossas vidas. Eles sabem o que estão a fazer e tiveram décadas para parar a crise que criaram. Em vez disso, continuam a investir na proliferação de novas armas de destruição—infraestruturas emissoras como um novo gasoduto ou um novo aeroporto em Portugal. Esta violência tem que ser reconhecida como aquilo que é: uma guerra declarada por governos e empresas contra as pessoas e o planeta.

É possível pararmos esta guerra, mas só quando pararmos de normalizá-la. Cabe-nos a nós—trabalhadores, estudantes, mães, pais, filhos, precários, desempregadas, avós, netos—proteger o presente e o futuro da humanidade. Precisamos de desmantelar a indústria fóssil que, com o apoio dos governos de todo o mundo, está a destruir as nossas vidas. Isto só pode ser conseguido através de uma mobilização popular massiva, para construir e implementar um plano de transformação em larga escala, compatível com os limites planetários, que coloque no centro o bem estar das pessoas, e não lucro. Para isso, temos de parar de normalizar a crise climática e aceitar que só nós, as pessoas comuns, juntas e em resistência, podemos parar a destruição em curso.

Dia 23 de Novembro é o dia em que os governos e empresas fósseis mundiais estarão a concluir as negociações na 29ª Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP29) que, tal como nas últimas três décadas, continuarão a alimentar milhões de mortes e deslocações forçadas. Dias depois, o governo português votará um Orçamento de Estado (OE) que irá manter, em Portugal, o financiamento da guerra que eles declararam contra a vida.

Dia 23 de Novembro não pode ser um sábado normal em que agimos como se estivesse tudo bem, quando estamos em risco de perder tudo. Enquanto governos e empresas fazem mais planos para enriquecer à custa da nossa morte, não podemos ir ao café, às compras, trabalhar, almoçar, estudar ou ficar em casa como se isto fosse aceitável. Enquanto eles planeiam condenar à morte as pessoas à nossa volta, não as podemos deixar continuar o seu dia normalmente.

Nesse sábado, não vamos fazer a nossa vida como se ela não estivesse sob ataque. Seremos muitos e muitas a partir às 15h da Praça Paiva Couceiro, marchando pela Morais Soares — uma das ruas mais movimentadas de Lisboa — apelando às pessoas nos cafés, no trabalho, nas compras e em casa, para virem fazer com que este seja o dia em que a sociedade para de consentir com a destruição de tudo o que importa. Seremos ainda mais a chegar à Praça do Chile, para parar uma das praças mais centrais de Lisboa, bloqueando-a com os nossos corpos, coragem e criatividade numa ação de resistência civil em massa para abrirmos uma conversa que há muito deveria estar no centro de tudo: como é que vamos parar esta guerra antes que seja tarde demais?

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