De 11 a 22 de Novembro, representantes de Governos de todo o mundo estarão no Azerbeijão para a 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP29), onde se juntarão a empresas de combustíveis fósseis para decidirem continuar a expandir a queima de petróleo, gás e carvão.
De 11 a 22 de Novembro, irá decorrer a COP29 em Baku, no petroestado do Azerbeijão. De acordo com o Climáximo, coletivo por justiça climática, esta edição não será diferente das passadas: quase 30 anos de conversas vazias, tentando passar a aparência de uma grande preocupação dos líderes globais com manter o aumento da temperatura média global abaixo de 1.5º face à época pré-industrial, enquanto todos os anos as emissões continuam a aumentar.
Inês Teles, porta voz do Climáximo, diz que “este é mais um episódio na telenovela do colapso civilizacional, que contou nas últimas semanas com um Orçamento do Estado que praticamente ignora a crise climática e com a eleição de um negacionista climático nos EUA. Quando ponderamos as opções que o sistema vigente nos apresenta—apontar para o inferno ou para um inferno ainda pior—parece que não há forma de escapar à catástrofe. E de facto, os Governos e as empresas não vão dar-nos uma saída, pois são eles que estão a atear o fogo. Mas é possível fazer-lhes frente e desenhar planos alternativos, como tem sido feito em iniciativas de base como a anti-COP que aconteceu entre 4 a 9 de Novembro em Oaxaca, no México, e onde o Climáximo marcou presença juntamente com 250 ativistas de todos os continentes. Após vários dias de trabalhos, a declaração final do evento afirma a ‘unidade’ dos povos de todo o mundo para travar a guerra que os Governos e as empresas declararam aos povos e ao planeta, reafirmando articulações entre o movimento por justiça climática, indígena, campesino, migrante, e de libertação nacional e anti-colonial”.
Em comunicado, o Climáximo afirma que “a fraude desta cimeira foi posta a nu mesmo antes do seu início”, quando foi partilhado o registo em vídeo do chefe executivo da COP29, Elnur Soltanov, filmado a discutir potenciais acordos para a expansão de combustíveis fósseis com um homem que se fazia passar de um potencial investidor.
“Nenhuma solução virá destas conferências, que são desenhadas para falhar: todos os anos os líderes globais sentam-se à mesa de negociações com milhares de lobbistas dos combustíveis fósseis para decidirem como é que vão continuar a expandir a queima de petróleo, gás e carvão e a enriquecer à custa da devastação do mundo inteiro. Estamos num estado de guerra, em que as armas de destruição são bombas de CO2 que caem sobre os mais vulneráveis sob a forma de secas, tufões, tempestades, cheias, incêndios, falhas nas infraestruturas, tornando ao mesmo tempo toda a gente cada vez mais vulnerável”, afirma Inês.
O coletivo apela a que a sociedade “deixe de procurar soluções vindas de quem está a atacar-nos” e pare de aceitar a destruição em curso, juntando-se à manifestação e ação “Parar Enquanto Podemos”, que partirá no dia 23 de Novembro da Praça Paiva Couceiro, e irá bloquear a Praça do Chile, uma das praças mais centrais de Lisboa. “Só nos temos umas às outras, mas somos milhares de milhões, e é em nós, pessoas comuns de todo o mundo, que está a esperança de mudar de rumo, implementando um plano de transição em larga escala, compatível com os limites planetários, que desarme a indústria fóssil e coloque no centro o bem estar das pessoas, e não o lucro.”