Apoiante do Climáximo condenada por manifestação de solidariedade e perdoada por amnistia papal. “Num ano em que as consequências do colapso climático se tornaram impossíveis de ignorar, os Governos e empresas — verdadeiros culpados desta crise — permanecem impunes. Está nas mãos das pessoas pará-los enquanto podemos”, afirma o coletivo em comunicado.

Esta manhã, uma apoiante do Climáximo foi condenada por desobediência qualificada, por ser promotora de uma manifestação pacífica em solidariedade com as vítimas das cheias no Paquistão em 2022. Apesar de ter avisado as autoridades atempadamente e a manifestação ter ocorrido tranquilamente do Rossio até ao Intendente, em passo de luto e luta e em solidariedade com os milhões de pessoas que perderam tudo o que amam após cheias que deixaram um terço do país submerso, o tribunal considerou a manifestação um crime, referenciando uma lei de 1974, considerada inconstitucional por vários juristas. A apoiante acabou por receber perdão de pena, apenas por se aplicar a lei da amnistia papal. O coletivo afirma que o tribunal decidiu reprimir atos de solidariedade e banalizar a destruição da crise climática, deixando impunes os verdadeiros criminosos.
Noah, estudante de psicologia, afirma que “eu fui perdoada pelo Papa mas ninguém nos vem salvar do inferno climático. As cheias que afetaram 33 milhões de pessoas no Paquistão e deixaram milhões sem casa, os incêndios que mataram 9 pessoas em Portugal, a enxurrada que matou mais de 220 pessoas em Valência—todos estes desastres são a nossa história, a história de quem vive num contexto de colapso climático que está cada vez mais fora de controlo e que nos vai tornando a todas cada vez mais vulneráveis. Mas não nos enganemos, estes não são desastres naturais. São desastres causados pela ação, essa sim criminosa, de Governos e empresas, que continuam ativamente a condenar-nos ao inferno climático, para manter a sua normalidade.”
Em comunicado, o coletivo afirma que a “farsa” a que se assiste ano após ano nas Conferências das Nações Unidas pelo Clima, que estão neste momento a decorrer no Azerbeijão, o facto de as emissões não pararem de aumentar e de ser quase certo que o ano de 2024 atingiu pela primeira vez o valor crítico de 1.5º C de aquecimento, só deixam uma conclusão possível: “Os governos e as empresas não nos vão salvar, são eles os criminosos que estão a atear o fogo, ao abrirem mais poços de petróleo e construirem mais gasodutos, autênticas bombas de CO2. Mais do que nunca, é preciso resistir,” afima Noah.
O coletivo apela a que a sociedade “deixe de procurar soluções vindas de quem está a atacar-nos” e pare de aceitar a destruição em curso, juntando-se à manifestação e ação “Parar Enquanto Podemos”, que partirá no dia 23 de Novembro da Praça Paiva Couceiro, e irá bloquear a Praça do Chile, uma das praças mais centrais de Lisboa. “Só nos temos umas às outras, mas somos milhares de milhões, e é em nós, pessoas comuns de todo o mundo, que está a esperança de mudar de rumo.”