São várias os incidentes e tragédias que nos foram relatados recentemente em Portugal, de Lisboa à Anadia, devido à falta de condições para uma mobilidade segura, justa, e livre de fósseis. A par com a tragédia surgem também movimentos de luta e contestação.
O Climáximo está solidário com todas as transeuntes e ciclistas vítimas de incidentes rodoviários, em todos os lugares, e com todas as pessoas em luta por sistemas de mobilidade seguros, justos e sustentáveis.
A insegurança rodoviária está diretamente relacionada com a dependência do transporte individual e com a falta de planeamento e investimento em mobilidade sustentável, livre de combustíveis fósseis. No Plano de Desarmamento do Climáximo, apresentamos várias medidas neste sentido, nomeadamente, a Criação de um serviço de transportes coletivos públicos, elétricos e gratuitos.
Apontamos para um investimento ambicioso e rápido que inclua:
• expansão das redes ferroviárias nacional e internacional;
• criação de uma empresa pública dedicada ao desenvolvimento de uma rede nacional de transporte público rodoviário eletrificado, combinando autocarros elétricos e mobilidade partilhada;
• expansão massiva das redes ferroviárias metropolitanas; e
• expansão e consolidação da rede ciclável, a par de zonas permanentemente sem carros.
Sabemos que a falta de transportes públicos acessíveis e de qualidade em Portugal é um incentivo económico e social aos setores automóvel e petrolífero. O sistema fóssil em Portugal, e no mundo, é altamente dependente da mobilidade fóssil (com o seu exponente no transporte individual em carros movidos a combustíveis fósseis). Por isso, o sistema atual mostra enorme resistência à criação de modelos de mobilidade alternativos (visível na falta de respostas institucionais, face às sucessivas queixas e reivindicações por parte das populações ).
Desde fevereiro de 2021, está prevista a construção de uma ciclovia que ligaria as existentes na Rua Fernão Mendes Pinto, no lado de Algés, e na Avenida 24 de Julho, no lado de Alcântara. No entanto, este projeto nunca avançou porque considerou-se que a ciclovia comprometeria a circulação de veículos numa avenida que conta com quatro faixas de trânsito. A Avenida da Índia em Lisboa é o local da morte de dois ciclistas, inocentes, num espaço inferior a 5 anos: Patrizia Paradiso, a 26 de junho de 2021, e Pedro Sobral, a 21 de dezembro de 2024. A Patrizia Paradiso e o Pedro Sobral poderiam estar vivos hoje.
Precisamos deixar de ser cúmplices da destruição climática. Para tal, precisamos de uma estratégia de organização e mobilização que parem a normalidade deste sistema que declarou guerra às nossas vidas, e de todas as espécies neste planeta. Precisamos de implementar o Plano de Desarmamento, e de um grande movimento de resistência climática para o fazer.
Junta-te às iniciativas cidadãs a lutar neste momento em Lisboa – AQUI – e na Anadia – AQUI.
Junta-te à resistência climática!
Fonte da imagem de destaque: Timeout (@Arlindo Camacho)
Por umas ciclovias seguras.