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“Temos de parar os ataques contra a vida”: Ativistas por justiça climática pintam ponte e sede da EDP

Na manhã da Meia Maratona da EDP, apoiantes do Climáximo pintaram de vermelho a ponte e a sede desta empresa, “devido aos ataques contra a vida de que esta é culpada”. Referem que precisamos de uma sociedade livre da influência e das mentiras da indústria fóssil e de desativar as armas que estão a matar milhões de pessoas, com o encerramento das centrais de produção de eletricidade a gás até ao final deste ano.

Várias apoiantes do coletivo Climáximo escreveram a frase “FECHAR CENTRAIS DE GÁS” na ponte do museu MAAT e pintaram a sede da EDP esta manhã num protesto contra os ataques mortíferos desta empresa.

Denunciam as práticas de “greenwashing” e as mentiras da EDP ao proclamarem-se “verdes”. Sara Gaspar, biológa de 30 anos e porta-voz desta ação, indica que “a apoderação de espaços culturais e desportivos e a publicidade não apaga a realidade. A EDP fechou a central a carvão sem garantir as condições de justiça e de trabalho para os trabalhadores ao mesmo tempo que bloqueou uma real transição energética. Esta empresa é responsável por estarmos presos à utilização de gás “natural”.  Este combustível fóssil foi introduzido em Portugal para produção de eletricidade em 2000, altura em que esta empresa e os governos sabiam perfeitamente que fazê-lo era condenar milhares de pessoas à morte, através de eventos catastróficos como os incêndios de 2017 ou a seca e a falta de água com que atualmente nos deparamos.”

Segundo o relatório da International Energy Agency, para a temperatura média da Terra permanecer abaixo de 1,5°C de aquecimento, teremos de reduzir as emissões de gás metano em 75% até 2030. Porém, esta quarta-feira foi divulgado que as emissões da indústria do gás fóssil voltaram a subir, apesar das promessas de cortes das empresas. Estas devem-se a fugas de gás “natural” na extração, ao transporte e à transformação – incluindo as quatro centrais atuais de produção de eletricidade através de gás fóssil e os gasodutos em Portugal. “Estas são armas de crime, que a cada dia condenam dezenas de pessoas à morte. Não consentimos com estes ataques contra a vida”, acrescenta Sara.

O colectivo Climáximo apresenta como medidas necessárias: encerrar as centrais de produção de eletricidade através de gás fóssil ainda este ano, com a adaptação da rede elétrica e um mix energético renovável que permita 100% de eletricidade produzida através de energia renovável em Portugal, sem deixar os trabalhadores para trás. Para implementar estas transformações necessárias a tempo é essencial, segundo o plano que o colectivo apresenta, criar milhares de novos postos de trabalho público nos setores-chave para a transição – Empregos para o Clima – e um Serviço Público de Energias Renováveis que coordene a gestão de toda a produção de eletricidade em Portugal, garantindo o início de uma transição justa. Sara afirma que “só será possível alcançar estas mudanças se as pessoas deixarem de consentir com a guerra que as empresas e os governos declararam contra as pessoas e o planeta. A publicidade e os patrocínios que legitimizam o mercado fóssil em todos os espaços públicos são criminosos. Estas são empresas com planos assassinos, que têm de ser tratadas como tal e travadas.”

Esta é a sexta ação em duas semanas feita por apoiantes do Climáximo. Para além do protesto contra a EDP, estiveram presentes no Aeroporto de Lisboa contra a construção de um novo aeroporto e no Campo de Golfe de Oeiras onde construíram uma horta comunitária para parar o consumo desnecessário e de luxo. Estiveram igualmente presentes em diversos momentos durante a campanha eleitoral, no dia de reflexão e na noite de eleições, afirmando que não estava nas urnas travar o colapso climático, mas sim nas mãos das pessoas.

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