No dia 23 de novembro, parámos a normalidade no centro de Lisboa, numa ação de resistência civil(*) combativa, vibrante e enraizada num profundo sentimento de comunidade e solidariedade. Durante cinco horas, quebrámos a indiferença face à crise climática e colocámos no centro da discussão pública a urgência de todas as pessoas entrarem em resistência climática.
(*) Toda a informação sobre a preparação deste dia AQUI
300 pessoas partiram da Praça Paiva Couceiro, descendo a Rua Morais Soares e fazendo com que este não fosse apenas mais um sábado normal. Entre cânticos enérgicos como “Cheias – Não queremos! Incêndios – Não queremos! Fascismo – Não queremos! Parar enquanto podemos!” e ritmos vibrantes, a marcha seguiu interagindo com quem encontrava pelo caminho. Pequenos grupos entraram em cafés e estabelecimentos comerciais, trazendo o debate à vida quotidiana, e apelaram às pessoas nas ruas que se juntassem à mobilização popular.
Durante uma das paragens, ouviram-se vozes de membros de comunidades do Sul Global. Contaram as suas histórias sobre os efeitos devastadores da crise climática: secas, tufões, tempestades, cheias, incêndios, falhas nas infraestruturas – ataques à vida infligidos pelas armas de destruição em massa que são as infraestruturas fósseis. Estes impactos atingem com maior severidade os mais vulneráveis, mas tornam todos nós cada vez mais vulneráveis.
Ao chegar à Praça do Chile, vários grupos sentaram-se na praça, alguns presos uns aos outros com tubos nos braços, e pararam o trânsito enquanto o espaço era ocupado pelo resto das pessoas. Uma faixa gigante foi erguida de um lado ao outro da rua: “Os Governos e as Empresas declararam guerra à humanidade e ao planeta” e, no verso, “Desmantelar a Indústria Fóssil.”
Cerca de 150 pessoas permaneceram na Praça do Chile durante 3 horas, durante as quais surgiram alguns momentos de tensão com a polícia. A situação manteve-se em aberto até ao final, tendo as decisões sobre o decorrer do protesto sido tomadas nos plenários de delegados. Durante a ocupação da praça, discutiu-se como é que as pessoas comuns – que não criaram a crise climática, mas que têm a responsabilidade de a travar – podem parar a guerra declarada pelos governos e empresas contra a sociedade e o planeta.
Enquanto os governos assinam acordos que perpetuam a destruição em conferências internacionais, aqui em Lisboa mostramos que há um caminho alternativo. Fizemos o apelo para que toda a sociedade resista contra a violência da crise climática, atuando contra as infraestruturas fósseis – verdadeiras armas de destruição em massa – e se junte à luta para desmantelar a indústria fóssil e romper com o sistema atual.
Esta década é decisiva. Para alcançarmos a neutralidade carbónica até 2030 e garantirmos um modo de vida que coloque o bem-estar das pessoas no centro em vez do lucro, precisamos de construir um movimento massivo. O plano de desarmamento e plano de paz, elaborado pela sociedade civil, é a nossa rota para mudar o rumo da história e parar o colapso climático e social, criando um futuro justo e habitável para todas as pessoas.
Próximos passos
+ Reunião Introdutória: No dia 3 de dezembro, haverá uma reunião para novas pessoas interessadas em envolver-se.
+ Formação em Resistência Climática: Dia 14 de dezembro, o Climáximo organiza uma formação aberta a todas as pessoas que queiram juntar-se à luta e atuar diretamente para desmantelar as armas de destruição apontadas por governos e pela indústria fóssil às pessoas. A formação é gratuita mas a inscrição é obrigatória. Regista-te aqui.
+ 10º Encontro Nacional por Justiça Climática: Em fevereiro de 2025, dezenas de organizações juntar-se-ão para discutir e fortalecer o plano de desarmamento e paz.
Está nas mãos de todas nós fazer com que o dia 23 de novembro de 2024 seja lembrado como o momento em que a sociedade portuguesa parou de normalizar a violência da crise climática e resolveu agir e construir a oposição à destruição provocada pelos governos e empresas. Neste dia, centenas de pessoas levantaram-se e mostraram que é possível parar o colapso climático – mas só se agirmos juntas e agora.
Nota informativa sobre despesas e financiamento
À ação de Resistência Civil Parar Enquanto Podemos atribuímos um orçamento expectável de 5 mil euros.
Comprometemos-nos a angariar, ao longo do processo de mobilização para a ação, o valor total destes custos, e a angariar fundos para despesas que enfrentamos através de repressão legal e multas.
Agora que fechámos as contas sabemos que cumprimos os objetivos a que nos propusemos, e conseguimos também, através de criatividade e reaproveitamento, ficar a baixo dos custos que tínhamos projetado.
As despesas foram:
Panfletos, autocolantes, cartazes e murais : 2.405 euros
Produção de materiais visuais (faixas, cartazes, etc): 300 euros
Outros materiais para a manifestação, cuidados e bem estar de todas: 1.186euros
TOTAL: 3.891
Os donativos foram angariados através de vários eventos de mobilização e angariação de fundos:
Jantares solidários
Mostras de documentários
Noites de Jogos de Tabuleiros
Resistência em Festa no Miradouro de Baixo
Leilão de Artistas em Solidariedade com a Resistência Climática
Recolha de donativos em bancas e noutros eventos
Como tudo que fizemos antes, nós decidimos, lançámos e montámos a ação sem depender de qualquer financiamento. A nossa análise do estado em que estamos diz-nos que todas as pessoas têm de entrar em Resistência Climática, para assim travarmos a guerra que governos e empresas declararam à sociedade e ao planeta. Por isso, a nossa resistência pode apenas depender de nós, as pessoas trabalhadores, estudantes, migrantes, precárias, desempregadas, maẽs, filhos, pais e avós. Nós temos que criar um movimento de resistência climática enquanto podemos.