Depois de catorze meses consecutivos mais quentes e com incêndios, tempestades e cheias à nossa volta, já vemos o capítulo introdutório do inferno terrestre que nos espera se não travarmos a crise climática. Isto é um estado de guerra, em que as armas de destruição de massa são os eventos catastróficos, e as fábricas dessas armas chamam-se centrais a gás, refinarias, aeroportos, autoestradas. Se não reconhecermos que estamos num estado de guerra, então as empresas e os governos vão continuar a bombardear-nos a nós e a tudo o que amamos.
Tudo isto, sabemos. Não sabemos é como a sociedade vai posicionar-se.
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No ano passado, vimos uma repressão sem precedentes na Europa. Ativistas no Reino Unido foram condenadas a 4-5 anos de prisão por terem discursado numa chamada online. Dezenas de ativistas climáticas estão neste preciso momento em prisão, e há centenas de milhares de multas pendentes em centenas de casos pelo continente inteiro. Em Portugal, tivemos os primeiros casos de sentença de prisão (suspensa) por ações pacíficas para alertar a sociedade sobre a emergência climática. (18 meses no bloqueio de estrada na Avenida Duarte Pacheco e 15 meses na ação no Aeródromo de Tires de jatos privados). O Estado está a responder ao movimento pela justiça climática como responde à crise climática: pondo lenha no fogo. Isso, sabíamos também.
Ao mesmo tempo, em dezenas de ações, os polícias, o Ministério Público e os tribunais tomaram decisões em defesa de um planeta habitável. Mais recentemente, um polícia holandês anunciou que não ia sequer intervir na ação de bloqueio da autoestrada A12, organizada pela Extinction Rebellion Netherlands.
Por outro lado, as vozes contra a repressão estão a crescer:
a Amnistia Internacional, no seu relatório “Pouco protegido e demasiado restringido” analisa e repudia a repressão dos movimentos sociais na Europa e inclui casos do movimento pela justiça climática em Portugal;
o relator especial da ONU para os defensores ambientais, Michel Forst, visitou vários países (em que solidarizou-se com as ativistas) e publicou uma declaração a denunciar a repressão dos movimentos sociais;
a Climate Rights International preparou um relatório que denuncia os governos do Norte Global que silenciam protestos nos seus países enquanto pregam sobre democracia nos outros países;
Naomi Klein, ativista, jornalista e autora de vários livros como Shock Doctrine e This Changes Everything, escreveu uma carta aberta aos prisioneiros políticos da Just Stop Oil;
o co-lider do Partido Verde no Reino Unido denunciou as sentenças que são maiores dos que as que se aplicam aos violadores;
e novos grupos de apoio e solidariedade estão a surgir a cada mês pelo mundo inteiro.
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Na Equipa Legal, estamos a acompanhar apoiantes do Climáximo em 46 casos ou possíveis casos, com 114 pessoas arguidas ou identificadas como suspeitas. Prevemos multas e outras despesas judiciais até 250.000 EUR (isto, sem contar com qualquer advogado particular).
Este é o teu momento para te juntares à Equipa Legal. Uma resistência popular para parar este estado de guerra (que é a crise climática) envolve muito trabalho por muitas mãos a pegar em partes diferentes e complementares.
Podes preencher o formulário de participação na página inicial, ou podes falar connosco diretamente via email ( legal [at] climaximo [ponto] pt ).